Poucos dias após seu lançamento, a iniciativa “ZFM+ESG” já ensaia expansão no PIM. Na próxima semana, o Cieam e a Suframa esperam fazer uma reunião com os associados do Centro da Indústria do Estado do Amazonas para registrar as empresas que vão aderir aos termos da Portaria 1860/2025. A iniciativa da Superintendência da Zona Franca de Manaus busca incentivar as organizações instaladas na ZFM e demais áreas de atuação da autarquia a implementarem ações sociais, ambientais e de governança corporativa no âmbito corporativo. No entendimento das lideranças do Polo, trata-se de um diferencial competitivo para as empresas no novo cenário global.

A iniciativa “ZFM+ESG” foi lançada na última sexta (21), durante a segunda edição do Fórum de ESG Amazônia, promovido pelo Cieam e pela Suframa. O evento reuniu especialistas, representantes do setor produtivo e lideranças governamentais, para discutir como a aplicação eficiente das diretrizes ESG pode preservar a biodiversidade amazônica, fortalecer as comunidades locais e ampliar a competitividade das empresas no cenário global.

O cenário apresentado mostra um campo de oportunidades para as empresas, mas também uma conjuntura de mudanças que impõem desafios às mesmas. O presidente do Conselho Superior do Cieam, Luiz Augusto Barreto Rocha, enfatiza que a agenda ESG “é essencial para a humanidade” e que a Zona Franca de Manaus não pode ficar alheia a ela. O dirigente lembra que, muito antes do Acordo de Paris de 2015, o PIM já tinha uma prática de sustentabilidade em inúmeras de suas empresas certificadas. Mas ressalta que “o momento é desafiador”, já que essa mesma agenda “está sendo testada e está em cheque”, em face da atual configuração global.

“É uma agenda onde a necessidade do envolvimento de todos que acreditam nessa pauta precisa ser exercitada”, apontou. “Não se trata de apenas preservar o Amazonas, mas transformar essa riqueza natural em oportunidade de desenvolvimento para nossa sociedade, garantindo que a floresta continue em pé com prosperidade e inclusão social. A palavra é um dos pilares do ESG, que é exatamente o pilar da governança. Se praticarmos esse pilar de maneira mais intensa, como sociedade, e exigir que ele seja respeitado, sem dúvida poderemos superar mais rapidamente as imensas desigualdades sociais que deveriam envergonhar a todos nós”, garantiu.

“Passo importante”

A conselheira e coordenadora da Comissão Cieam de ESG, Régia Moreira, está otimista quanto aos próximos passos para a expansão das certificações no PIM. No entendimento da empresária, o lançamento da Portaria 1860/2025, da Suframa, representa um “passo extremamente importante” para reconhecer e incentivar as empresas comprometidas com os temas da sustentabilidade e da preservação da Amazônia. “Acredito que esse vai ser um diferencial bastante competitivo, porque vai demonstrar essa responsabilidade das indústrias da Zona Franca”, afiançou.

“O evento foi um verdadeiro sucesso e proporcionou uma plataforma valiosa de discussões sobre a importância do ESG, da sustentabilidade, da responsabilidade social e da governança na nossa região. Recebemos inúmeros feedbacks de agradecimento, destacando os aprendizados adquiridos e os cases de sucesso apresentados pelas diversas empresas. Esses compartilhamentos acabam enriquecendo nosso conhecimento, mas também inspiraram a todos a adotarem práticas mais sustentáveis em suas operações”, asseverou.

Régia Moreira ressalta que a expectativa é que o conteúdo apresentado nos painéis do evento seja levado também para a COP 30 (Conferência das Nações sobre as Mudanças Climáticas), evento marcado para novembro, em Belém (PA). “Estou bastante ansiosa para ver esses impactos que, tenho certeza, vão ser bastante positivos. Vamos construir um futuro melhor para a nossa Zona Franca e atrair mais empresas. Essa é a minha expectativa e eu tenho certeza de que a gente vai continuar a promover essas discussões sobre ESG, e não vamos parar”, comemorou.

“Iniciativa voluntária”

O superintendente Bosco Saraiva frisa que a medida é uma “iniciativa voluntária”, que não envolve punições, sendo um “gesto amigável” para envolver as empresas na adesão à agenda ESG. “Temos conhecimento de algumas empresas que já têm práticas ESG implantadas e sabemos do impacto positivo que isso tem causado nas cadeias produtivas locais. Então, todos temos a ganhar, inclusive as empresas e indústrias, que se tornam mais competitivas aderindo e fomentando essas práticas”, salientou.

A iniciativa “ZFM+ESG” terá vigência inicial de um ano. Mas não configura necessariamente um “selo”, já que a autarquia federal não é uma empresa certificadora, embora reforce o compromisso empresarial com essa agenda. “Estaremos à disposição das empresas para mostrar para a sociedade que elas aderiram e iniciaram suas jornadas ESG. E o nosso sonho compartilhado entre todos os atores e instituições que participam desse fórum de hoje é que a ZFM seja considerada uma referência global ESG”, destacou.

O secretário-executivo da Sedecti, Gustavo Igrejas, avalia que o compromisso com a agenda ESG fortalece a imagem do PIM, garantindo que seus produtos estejam alinhados a exigências de consumidores e investidores atentos aos impactos de suas cadeias produtivas. “Além disso, a adoção de práticas sustentáveis impulsiona a inovação e a eficiência operacional, promovendo um ambiente industrial moderno e competitivo. E é impossível falar sobre sustentabilidade da Amazônia sem reconhecer a relevância da ZFM. O governo do Amazonas reafirma seu compromisso em apoiar toda e qualquer iniciativa que fortaleça o desenvolvimento sustentável do Estado”, arrematou.

Ações previstas pela iniciativa “ZFM+ESG”

Na área ambiental, as ações previstas incluem redução de emissão de gases de efeito estufa; implementação de medidas para diminuir a pegada de carbono da empresa; otimização de processos produtivos; investimento em tecnologias limpas; gestão eficiente de recursos naturais; adoção de práticas para reduzir o consumo de água e energia e promover o uso sustentável de matérias-primas; gerenciamento de resíduos; prevenção e controle da poluição; conservação da biodiversidade; e contribuição para evitar o desmatamento e a degradação de ecossistemas.

Na área social, estão previstos o desenvolvimento de talentos, segurança do trabalho, diversidade e inclusão, com fomento ao protagonismo feminino, combate ao assédio moral e sexual e todas as formas de discriminação, respeito aos direitos humanos e engajamento da comunidade. Já no tema da governança, serão estimuladas a adoção de código de ética e de conduta, valorização da integridade, adoção de estruturas de governança claras, gestão de riscos ambientais, sociais e de governança, diálogo com stakeholders e priorização da responsabilidade social e corporativa, entre outras.

Fonte: JCAM

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