Serafim Corrêa destacou cheia fraca e afirmou que governo prepara dragagem dos rios já para maio

Lucas dos Santos

politica@acritica.com
29/02/2024 às 16:12.

Atualizado em 29/02/2024 às 16:12

Os membros do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam) afirmaram durante a 306ª reunião ordinária, nesta quinta-feira (29), que a queda de mais de 2% no faturamento do Polo Industrial de Manaus ocorreu devido à intensa estiagem ocorrida no segundo semestre de 2023. A informação já havia sido divulgada pelo superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, e voltou à pauta durante apresentação do relatório pelo Secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico da Sedecti, Gustavo Igrejas.

A reunião foi presidida pelo vice-governador Tadeu de Souza (Avante) e pelo titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa.

Durante sua fala, Gustavo Igrejas destacou que a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), embora tenha sofrido um leve aumento de 1,69% em relação a 2022, foi muito abaixo do esperado pelo Governo do Amazonas.
“Esse número foi muito aquém do que a gente esperava de arrecadação para 2023, principalmente por conta da queda de arrecadação que teve a indústria pela forte estiagem que tivemos. Ficamos 50 dias sem passar navios, nem recebendo insumos, nem saindo bens finais”, relembrou.

Segundo o comunicado divulgado pela Suframa à imprensa, o Polo Industrial de Manaus fechou o ano de 2023 com faturamento de R$ 173,47 bilhões, número 2,51% menor em comparação ao acumulado em 2022 – R$ 177,92 bilhões.

Gustavo Igrejas afirmou que o Governo já se reuniu com a indústria e o comércio com previsões de haver outra forte estiagem no segundo semestre de 2024, a fim de tomar medidas que minimizem os efeitos negativos “tanto no faturamento da indústria quanto no ICMS do Estado”.

Questionado pela reportagem da A CRÍTICA sobre quais providências o Governo do Amazonas está tomando para evitar os problemas ocorridos durante a seca de 2023, o vice-governador Tadeu de Souza afirmou que o Comitê de Estiagem instituído em 2023 não foi desfeito e continua atuando.

“A própria secretaria de Defesa Civil já disparou algumas notas técncias internas convocando para fazer um planejamento com todas as secretarias que são envolvidas no esforço de mitigação da estiagem. Há todo um esforço, inclusive da Sedecti, de fazer contato com os operadores dos portos, com a estrutura do Governo Federal que faz a parte do controle”, disse.

Em seguida, o secretário Serafim Corrêa ressaltou que o Governo Estadual, por meio do governador Wilson Lima (União), está em contato permanente com o Governo Federal para que o processo de dragagem dos rios se inicie já em 1º de maio, dois meses antes do período em que a cheia normalmente dá lugar à seca.

“Segundo todos os operadores de navegação, [1º de maio] é o momento ideal para começar a dragagem. Isso diminuirá muito os riscos que corremos no ano passado, mas que não pretendemos correr este ano”.

Serafim Corrêa afirmou que Wilson Lima está à frente da agenda com o Governo Federal e que conversou sobre o assunto com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) durante a passagem dos dois pela Guatemala, além de destacar o contato permanente do superintendente Bosco Saraiva com o ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), do Ministério dos Portos e Aeroportos e a mediação do diálogo entre os entes com a ajuda do deputado Sidney Leite (PSD) e do senador Omar Aziz (PSD).

“Nós caminhamos para que a dragagem seja iniciada a tempo e a hora de tal forma a diminuir os riscos de uma nova estiagem forte como a que aconteceu no ano passado. Só para os senhores terem uma ideia: no mesmo dia que hoje há quatro anos atrás nós tínhamos 25 metros de água, há três anos atrás, 24; dois anos atrás, 23; e agora 22. Isso mostra cada vez mais que o rio está enchendo menos do que antes. Temos que estar alertas”, concluiu.

O evento foi um prenúncio para a reunião do Conselho Administrativo da Suframa (CAS) que ocorrerá nesta sexta-feira (1º). Pela terceira vez, o vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin presidirá a solenidade, que tem na pauta uma série de investimentos que totalizam R$ 1,2 bilhões com previsão de 1.084 novos empregos.

Denúncia de contrabando

Momentos antes, durante a reunião, Serafim Corrêa trouxe uma notícia divulgada nacionalmente pela CNN Brasil e replicada pela localmente pelo portal RealTime1 de uma suposta denúncia feita pela Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), a qual afirmou que a Zona Franca de Manaus era um dos pontos de entrada ilegal de resinas no mercado brasileiro.

A denúncia foi feita diretamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

O secretário afirmou que, ao tomar conhecimento do fato, procurou a presidência da Abiquim para que “formalizasse a denúncia, escrevesse dizendo qual era a empresa que estava fazendo importação ilegal, para que nós pudéssemos apurar”.

“Eu forneci os e-mails da secretaria onde poderia haver a resposta à denúncia e liguei pessoalmente para o senhor André Passos [presidente da Abiquim] dizendo: ‘o que você denunciou é muito grave, mas nós não temos compromisso com erro. Se alguém está fazendo importação ilegal, vamos apurar’”, disse.

Serafim Corrêa mostrou a resposta de André Passos por e-mail no qual ele afirma que não fez nenhuma denúncia e que a imprensa distorceu a informação. O secretário ressaltou que se houver uma empresa cometendo atos ilícitos, será punida, mas que isso não poderia ser generalizado a todo o Polo Industrial de Manaus. Ele também comunicou que a Suframa irá acionar a Abiquim na Justiça.

“É uma brincadeira você chegar em um ministro de Estado, fazer uma denúncia sem fundamento e depois dizer que foi a imprensa que fez a denúncia quando esse texto estava no site da Abiquim. Eu printei e tenho ele guardado”, concluiu.

Homenagens

A 306º reunião ordinária do Codam também foi palco de homenagens aos autores dos incentivos fiscais à indústria no Amazonas. Nessa semana, completaram-se 57 anos de quando a Zona Franca de Manaus passou a receber incentivos fiscais federais, além dos 55 anos dos incentivos estaduais iniciados durante o governo de Danilo de Matos Areosa por meio da lei 839/1968.

No evento, foram homenageados os membros da equipe técnica que criou a lei: Francisco Monteiro de Paula, Vinicius Câmara, João Augusto Loureiro, Benjamin Sanches, Elson Farias e José Lopes da Silva, sendo que os dois últimos ainda estão vivos.

Na abertura do evento, Tadeu de Souza destacou o papel da indústria e dos incentivos fiscais para o desenvolvimento do Estado do Amazonas e da cidade de Manaus.

“Essa semana é de comemorações, agora que podemos fazer homenagens a pessoas que entregaram sua vida pessoal à construção do que temos hoje no estado do Amazonas, um estado que há cinco décadas era invisibilizado na federação e hoje é motivo de solução da atividade industrial e econômica. Toda a dinâmica da agenda de transição energética e climática passa pelo Estado do Amazonas”, ressaltou.

Em um vídeo institucional, o ex-secretário de Fazenda José Lopes lembrou que “naquela época, uma equipe jovem, sem político partidário no meio, fizemos uma legislação específica para a Zona Franca de Manaus, e funcionou”.

Presente na reunião, o professor Elson Farias recebeu uma placa comemorativa e agradeceu pelas homenagens. A filha de José Lopes, Mara José da Silva, recebeu a placa em nome do pai, que não pode participar devido à sua idade avançada.

Destaque

O Codam aprovou R$ 1,65 bilhão em investimentos com a projeção de 748 novos postos de trabalho para os próximos três anos no Amazonas, além de 246 remanejados dentro da própria indústria. Os maiores destaques foram para as empresas Yamaha Motor da Amazônia, com investimento aproximado de R$ 1 bilhão, a Cal-Comp Indústria e Comércio de Eletrônicos, com R$ 332,06 milhões, e a Visteon Amazonas, com projeto de implantação de R$ 85,6 milhões.

Fonte: Acrítica

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