Indústria eletroeletrônica comemora vendas de 2024 e projeta alta de 5% a 10% para 2025, segundo a Eletros

A indústria eletroeletrônica brasileira deve crescer entre 5% e 10% em 2025, puxada por linhas de produção que são carros-chefes do PIM, a exemplo de ar-condicionado, TVs e bens de informática em geral. A estimativa é da Eletros e leva em conta dois cenários. Na conjuntura mais otimista, na qual o atual gargalo macroeconômico é contornado antes das festas de fim de ano, a alta deve ficar entre 8% e 10%. Em uma conjuntura mais restrita, em que o jogo de gato e rato entre inflação e juros continue dilapidando os orçamentos familiares, a estimativa ainda é de avanço, mas a uma taxa média de 5%.

A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos espera manter ritmo de produção o mais próximo possível do alcançado no ano passado, período em que o subsetor marcou seu melhor desempenho da última década. Dados compilados pela entidade mostram que as vendas do segmento para o varejo cresceram 29% em relação a 2023, totalizando 117,7 milhões de unidades comercializadas, contra as 91,3 milhões contabilizadas no exercício anterior. Os números foram apresentados em reunião com a Presidência da República e também em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, realizadas nesta segunda (17).

Os primeiros números de 2025, no entanto, foram negativos para a atividade e acenderam um sinal amarelo. Os Indicadores da Suframa informam que o faturamento do polo de bens de informática não passou de US$ 635,69 milhões em janeiro e recuou 8,15% frente ao mesmo mês de 2024. O polo eletroeletrônico (-22,96% e US$ 408,02 milhões) mergulhou mais fundo. O IBGE aponta, por outro lado, que a produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos – incluindo celulares, computadores e máquinas digitais – despencou 14%. Somente a divisão de ar-condicionado se manteve em alta de produção (+17,08% e 594.125 unidades, conforme a Suframa).

Clima e inovação

O presidente executivo da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior, disse à reportagem do Jornal do Commercio que o segmento espera ganhar impulso em 2025 nas mesmas linhas de produção que fizeram de 2024 um ano ímpar para a indústria eletroeletrônica. A mudança climática, que fez a diferença no exercício anterior, tende a replicar essa dinâmica neste ano, favorecendo a venda de produtos de climatização e ventilação. O destaque é o ar-condicionado, cuja produção brasileira está concentrada na ZFM, e marcou incremento de 38% (5,8 milhões de unidades) no período.

“A gente acredita que o crescimento de 2025 deve ser puxado novamente pelas linhas de produção de ar-condicionado. Até pelas altas temperaturas, a questão do preço mais atrativo para o consumidor e a busca da população por comodidade, conforto e bem-estar maior, então o produto deve ter destaque novamente”, avaliou o dirigente, acrescentando que os condicionadores de ar tiveram seu melhor desempenho histórico de vendas no ano passado, embora os resultados positivos também tenham se estendido a ventiladores, geladeiras e purificadores de água.

Outro fator relevante para o balanço positivo de 2024 e as promessas deste ano é o crescente interesse dos brasileiros por produtos mais inovadores e eficientes no consumo de energia. “Por isso, os televisores também devem puxar os números de 2025. Temos alguns eventos esportivos importantes neste ano, e eles sempre são incentivadores, estimuladores e fomentadores da aquisição de televisores. Os produtos são cada vez mais modernos, com melhoria de imagem e som, e isso motiva o consumidor a adquirir aparelhos novos e mais modernos”, pontuou.

Segundo a Eletros, o Brasil já é o segundo maior polo produtor mundial de ar-condicionado, ficando atrás apenas da China. A linha branca, que é representada também por geladeiras, fogões e máquinas de lavar, avançou 17% (15,5 milhões de unidades) em 2024, consolidando movimento de recuperação. A linha marrom, na qual as TVs são o carro-chefe, cresceu 22% (13,4 milhões de unidades). Termômetro de consumo, a linha de eletroportáteis escalou 33% (80,7 milhões de unidades) e também marcou a maior cifra da década para a categoria.

“Acreditamos que ar-condicionado, TVs e bens de informática devem não apenas estimular o crescimento de produção e vendas, mas também induzir os investimentos do subsetor. A gente acredita que devemos ter, até o meio do ano, mais umas duas fábricas de ar-condicionado se instalando no Parque Industrial de Manaus. E fora outras que surgem, e que a gente sabe somente quando seus projetos estão sendo discutidos no Codam e no CAS”, ressaltou.

“Desafios importantes”

Na avaliação da Eletros, o crescimento de 2024 foi impulsionado por uma conjuntura econômica mais favorável ao consumo. Especialmente no primeiro semestre, que foi marcado por aumento da oferta de empregos e convergência da inflação e dos juros a patamares mais palatáveis, alimentando a demanda das famílias brasileiras – a clientela preferencial do Polo Industrial de Manaus. Mas, esse cenário sofreu piora considerável na virada do ano.

Segundo a Suframa, itens tradicionais da cesta de produtos dos polos eletroeletrônico e de bens de informática da ZFM, como microcomputadores portáteis (-41,34% e 27.299), celulares (-20,44% e 867.088), TVs LCD e OLED (-16,58% e 974.951) e fornos de micro-ondas (-14,27% e 365.727), sofreram recuo de produção em janeiro. Já os aparelhos de ar-condicionado split system (+17,08% e 594.125) e os monitores com tela de LCD para uso em informática (+33,63% e 327.927) capitanearam os sete resultados positivos, entre os 18 eletrônicos listados na sondagem mensal da autarquia federal.

Indagado a respeito de suas considerações sobre o desempenho do subsetor em janeiro, José Jorge do Nascimento Júnior disse à reportagem que ainda não tinha conhecimento sobre os números da Suframa e do IBGE, ressaltando que ainda é necessário avaliar e entender melhor os dados.

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, entretanto, o dirigente já havia mencionado que o cenário macroeconômico será decisivo para definir qual será a performance da indústria eletroeletrônica em 2025. “Temos desafios importantes, como o controle da inflação, a redução das taxas de juros e a estabilidade cambial, já que a variação do dólar impacta os custos de produção. Além disso, o fortalecimento da geração de empregos e ajustes finos nas políticas industriais serão essenciais”, adiantou.

O executivo garantiu ainda que, do ponto de vista estratégico, o subsetor seguirá com agenda voltada à competitividade, por meio de políticas públicas focadas em eficiência energética, estímulo à demanda por produtos mais modernos, modernização das linhas de produção, fortalecimento da cadeia de suprimentos, investimentos em infraestrutura logística e incentivo à exportação. “A Eletros tem trabalhado em parceria com o poder público para não apenas superar desafios, mas também fortalecer a indústria nacional, reconhecendo sua importância para o setor produtivo brasileiro”, encerrou.

Fonte: JCAM

 

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