No retorno de Posto de Gasolina ao Top Transporte, Ipiranga, Petrobras/BR e Shell empatam na ponta

SÃO PAULO

Para acompanhar as mudanças de comportamento dos brasileiros, a Folha Top of Mind estreia nesta edição a categoria Bicicleta. Símbolo do transporte sustentável, o segmento passa por um momento de estabilidade no país.

Segundo a Abraciclo (associação das fabricantes), o ano deve terminar com 750 mil unidades produzidas no Polo Industrial de Manaus, número que repete o resultado de 2021.

A maioria foi fabricada pela Caloi, que é a mais citada pelos entrevistados, com 37% das menções espontâneas.

“O que faz a marca ser a mais lembrada é o carinho que sempre teve em todos os pontos de contato com o consumidor, a preocupação em lançar produtos inovadores e o apoio ao ciclismo nacional”, diz Eduardo Rocha, CMO (chief marketing officer) da empresa.

A marca registrou números expressivos entre os mais ricos (55% das citações) e os mais escolarizados (49%). São bons sinais em um momento de elitização do segmento de bikes, com queda na procura por modelos de entrada. Esse é um dos problemas do setor, que ainda não retomou os números do período pré-pandemia.

“Depois de passar por um boom de vendas, a demanda caiu bastante. Hoje o mercado pede modelos de médio e alto valor agregado”, diz Paulo Takeuchi, diretor-executivo da Abraciclo.

A falta de componentes é um problema, de acordo com Eduardo Rocha, da Caloi. Ele projeta que a área ainda enfrentará um ano de adaptação.

Entre as ações da agenda ESG, o pilar social é a pauta do momento no Polo Industrial de Manaus. “Queremos incentivar a nacionalização dos produtos, estimulando a produção local. Com isso, vamos também contribuir para a criação de novos postos de trabalho e o desenvolvimento da indústria na região Norte”, afirma Takeuchi.

CARRO

Regras ambientais mais rígidas vêm forçando as empresas do setor de transportes a reduzir emissões de gases do efeito estufa. Mas nem todas as iniciativas ocorrem por força da lei: há também ações voluntárias.

A Volkswagen, por exemplo, chega à 31ª vitória na categoria Carro em um momento bem diferente do vivido em 1991, quando conquistou o título na primeira edição do Top of Mind. Se naquela época seus automóveis movidos a álcool eram desvalorizados no Brasil, hoje o combustível de origem renovável está no centro das atenções.

“A empresa tem se reunido com entidades, indústrias, governo e universidades para que possamos trabalhar com o que há de melhor para o futuro da mobilidade e discutir a aceleração do uso do etanol e de outros biocombustíveis”, afirma Roger Corassa, vice-presidente de vendas e marketing da VW do Brasil.

A estratégia inclui a utilização do álcool em seus modelos híbridos —que conciliam o motor a combustão com um conjunto elétrico. Na visão da Volkswagen, esse é o caminho para neutralizar as emissões de poluentes.

Todos os planos de futuro miram a primeira colocação no ranking geral de marcas mais vendidas no Brasil, posto que hoje é ocupado pela Chevrolet. Já no Top of Mind, a montadora de origem alemã segue absoluta. A empresa obteve 25% das menções espontâneas em 2022, alcançando seus melhores resultados na região Sul (34%) e entre os homens (29%). Apenas 8% dos entrevistados não souberam citar uma marca de carro.

“Continuamos trabalhando em busca da liderança de mercado, mas o mais importante é sermos coerentes com nossos propósitos de crescer de forma sustentável e rentável, por isso já temos definidos os temas que irão nortear a empresa até 2025”, acrescenta Corassa.

O executivo se refere ao Acelera VW, plano que tem como uma das prioridades a neutralização de carbono. Com esse direcionamento, a Volkswagen pretende lançar 15 novos veículos prioritariamente flex, híbridos ou totalmente elétricos até 2025, afirma.

CAMINHÃO

Mercedes mantém a hegemonia e vence a categoria pela 14ª vez consecutiva em meio a mudanças globais com forte impacto no Brasil.

A empresa investe na eletromobilidade —seu chassi para ônibus elétrico já é produzido em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista— e modifica seu modelo de produção no país.

Ao mesmo tempo, os caminhões nacionais a diesel evoluíram para atender à fase P8 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). São esses veículos que ajudaram a construir a fama da marca.

Neste ano, a Mercedes foi lembrada de forma espontânea por 22% dos brasileiros. Suas melhores performances ocorreram entre aqueles que declararam renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (31%) e os homens (30%).

Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da divisão de veículos pesados da Mercedes, diz que mudanças são necessárias para acompanhar a transformação da indústria e o aumento dos custos. “Isso significa que vamos deixar de produzir alguns componentes e deixar de exercer atividades que podem ser realizadas por empresas parceiras”, explica. O processo inclui uma onda de demissões, com 3.600 cortes em São Bernardo do Campo.

O executivo afirma que, ao buscar novos parceiros de produção, a montadora prioriza a região do ABC. “Nós não estamos eliminando empregos da indústria, mas transferindo aos fornecedores com expertise nessas atividades.”

Leoncini conta ainda que a Mercedes tem investido em ações sustentáveis por meio de projetos como a fazenda urbana instalada na fábrica e a linha Renov de peças remanufaturadas, que recicla componentes antes descartados. A empresa também promove o Prêmio de Responsabilidade Socioambiental para Fornecedores e para Concessionários, que reconhece ações voltadas à diminuição do impacto ambiental.

MOTO

As quase 500 mil motocicletas Honda vendidas no primeiro semestre deste ano ajudam a explicar a presença da marca na memória do brasileiro. O volume de emplacamentos equivale a 76,4% do total do mercado, domínio que é replicado no Top of Mind.

A marca japonesa foi citada de forma espontânea por 66% dos entrevistados, com maior destaque entre os moradores da região Nordeste (73%). A liderança com folga vem se repetindo ano após ano na categoria Moto.

“Os bons resultados são consequência do aumento na demanda, e um dos fatores está ligado à utilização do veículo para o trabalho”, diz Marcelo Langrafe, diretor comercial da Moto Honda. “Além disso, muitos usuários têm optado pela motocicleta como uma solução de deslocamento para atividades do dia a dia”, completa o executivo.

A 80 km da capital amazonense, no município de Rio Preto da Eva, a companhia mantém um projeto de horticultura e reflorestamento de espécies nativas. O trabalho teve início em 2003 e, desde então, promove o plantio de espécies de árvores frutíferas.

Há também uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), unidade de conservação preservada pela Honda na região. “O local abriga uma grande biodiversidade de espécies da flora e da fauna amazônica, em uma extensão de 16 hectares de mata, espaço que equivale à área de 17 campos de futebol”, afirma Langrafe.

POSTO DE GASOLINA

A categoria retorna ao Top of Mind após 20 anos com um triplo empate. Ipiranga, Petrobras/BR e Shell dividem a primeira colocação no ranking —cada uma recebeu 21% das menções espontâneas. A situação de empate devido à margem de erro, de dois pontos percentuais, persistiu no awareness: Ipiranga alcançou 39%, Shell, 36%, e Petrobras/BR, 36%.

Nas cinco edições anteriores do levantamento, a Shell liderou o ranking. “Atualmente, contamos com uma rede de mais de 7.900 postos que estampam a marca no Brasil, na Argentina e no Paraguai, atendendo milhões de consumidores diariamente”, afirma Antonio Cardoso, vice-presidente de marketing e serviços da Raízen, companhia distribuidora de combustível formada pela fusão da Shell com a Cosan.

Já a rede Ipiranga completou 85 anos em setembro. Bárbara Miranda, vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da empresa, ressalta o empenho da marca em oferecer o conceito de posto completo.

Outro foco é manter a marca contemporânea não só nos momentos de consumo, mas também na forma como se comunica e se expressa. “Por isso estamos reforçando a atuação nas redes sociais e em novos ambientes de experiência. Um exemplo foi a nossa entrada no metaverso”, diz a executiva.

Em comum, as vencedoras investem na eletrificação. A Shell, que já tem mais de 90 mil pontos de recarga por todo o mundo, pretende chegar a 500 mil em 2025. No Brasil, serão 35 eletropostos até março do ano que vem.

A Vibra Energia, como a BR Distribuidora passou a se chamar em 2021, prevê a instalação de um total de 70 eletropostos Petrobras até o fim do próximo ano, cobrindo cerca de 9.000 quilômetros em corredores rodoviários.

“Sabemos que o setor de transporte passará por mudanças com a transição energética. Tendências de mobilidade e conveniência desafiarão a distribuição de combustíveis nos moldes do que temos hoje, visando a ampliação no consumo de renováveis”, afirma, em nota, o presidente da Vibra, Wilson Ferreira Junior. “A Vibra tem em mente que o carro elétrico é uma alternativa aos veículos movidos à combustão. No entanto, essa é uma mudança gradativa e de longo prazo.”

A Ipiranga foi a pioneira neste segmento: a primeira estrada eletrificada do país surgiu em 2018, com pontos de recarga instalados em postos da marca ao longo da rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio.

Enquanto a Shell foi a mais lembrada entre os moradores da região Sudeste (28%) e nas classes A/B (29%), a Ipiranga ficou na frente no Sul (34%) e na faixa com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (29%). Já a Petrobras/BR se destacou entre os homens (26%) e o grupo que tem renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos (32%).

ÓLEO LUBRIFICANTE

Prestes a completar 50 anos de história, a Lubrax permanece em primeiro lugar na categoria, com seis vitórias em seis edições. A marca foi lembrada de forma espontânea por 10% dos entrevistados pelo Datafolha. O resultado mais expressivo veio entre aqueles que têm renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (21%). A maioria (57%) não soube mencionar o nome de um óleo.

O segmento é um dos que exigem maior cuidado com o manejo de resíduos. A Vibra Energia, que controla a marca, recorre a soluções como a compra de aditivos e materiais a granel para substituir os fornecidos em tambores.

“Atuamos na coleta e na reciclagem de embalagens plásticas por meio do Instituto Jogue Limpo, associação de empresas fabricantes ou importadoras de óleo lubrificante”, diz Kleber Café Lins, head de lubrificantes da empresa.

Parcerias com companhias certificadas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) também foram firmadas, para que o produto usado ou contaminado seja recuperado por meio de processo de rerrefino e, depois, reutilizado na produção de novos lubrificantes.

O executivo afirma ainda que a Vibra começou a fazer a coleta de tambores metálicos que foram utilizados por seus clientes. Esse material é recondicionado por meio de parcerias diretas com empresas homologadas.

PNEU

A Pirelli se consolida como única vencedora em 20 edições da categoria na pesquisa. A marca italiana atingiu 40% de lembrança, índice que sobe para 52% entre os homens e 46% entre aqueles que têm de 45 a 59 anos. Cerca de um terço (35%) dos entrevistados não soube mencionar um nome do segmento. O índice de desconhecimento é maior entre os mais jovens (60%) e as mulheres (54%).

O ramo de atuação da Pirelli é um dos mais agressivos ao meio ambiente devido à geração de resíduos, mas há a possibilidade de reciclagem. A Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) estima que mais de 100 milhões de carcaças inservíveis tiveram destinação correta por meio da Reciclanip, que faz o gerenciamento da logística reversa.

A marca italiana adota ainda alguns procedimentos próprios. “Zeramos a utilização de plástico de uso único em todas as nossas unidades. Além disso, reutilizamos 100% da água e reciclamos 100% dos materiais em nossas plantas no Brasil”, explica Cesar Alarcon, CEO da Pirelli na América Latina. De acordo com o executivo, a empresa pretende tornar-se carbono zero até o fim desta década.

Fonte: Folha de S. Paulo

 

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