Obras emergenciais e soluções logísticas são autorizadas por órgãos do governo para evitar problemas de abastecimento durante a próxima seca
Para reduzir os eventuais impactos no transporte aquaviário e as consequências na economia do Amazonas por conta da seca, que desenha ainda mais severa este ano, o Governo Federal anunciou nesta sexta-feira (24), uma série de providências.
Em Brasília, o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) informou que negocia com a prefeitura de Itacoatiara a transferência do porto da cidade para uma outra região, menos exposta ao fenômeno das terras caídas que causaram, no ano passado, a destruição de parte das estruturas do terminal portuário.
Também com base em visitas técnicas de funcionários da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária (DAQ) do Dnit, o Ministério dos Transportes deu seguimento as tratativas e alocou R$ 506 milhões para obras e o serviço de dragagem de pontos críticos nas hidrovias dos rios Madeira e Amazonas.
De acordo com o diretor da DAQ, Erick Moura, o Dnit lançará ainda neste mês edital de licitação para contratação de serviços de dragagem preventiva na região, além de uma série de ações planejadas, como sinalização, estudos hidrológicos e monitoramento ambiental.
Dentre os pontos críticos citados no relatório da DAQ/Dnit estão a passagem de Humaitá e a foz do rio Madeira, em Itacoatiara; e a Costa do Tabocal, também em Itacoatiara, na região do Baixo Amazonas.
Haverá ainda serviços de dragagem e sinalização na região do município de Codajás, no Médio Solimões.
Novo porto de Itacoatiara
Para promover a segurança e acessibilidade dos usuários ao antigo porto, cujas operações eram bem limitadas, o Dnit realizou uma obra de recuperação emergencial, com a transferência da estrutura restante do terminal que foi afetado pelas terras caídas, para este porto antigo, localizado no centro da cidade
O projeto de engenharia inclui a construção de acessos aos flutuantes que devem oferecer maior conforto aos usuários. Além disso, ao longo do ano, estão planejadas obras mais amplas, como a expansão do cais e a instalação de recursos de acessibilidade direcionados aos passageiros.
O porto novo foi interditado em outubro de 2023 após as estruturas serem afetadas pelas terras caídas. O Dnit agora aguarda o laudo da perícia e avalia, junto com a Prefeitura de Itacoatiara, a possibilidade de realocação do porto em um novo local.
Pier provisório do Chibatão
Também nessa linha a Marinha do Brasil concedeu autorização ao Grupo Chibatão para a instalação de um píer flutuante provisório em Itacoatiara, sendo uma solução logística pioneira para amenizar os impactos da vazante prevista para este ano.
O píer deverá entrar em funcionamento de setembro a dezembro de 2024, cobrindo o período crítico da estiagem na região. No local, a atracação e desatracação dos navios serão realizadas exclusivamente durante o dia, com assistência de rebocadores azimutais (guincho avante e um guincho com um gancho a ré) para manobrar os navios garantindo segurança em todas as operações.
O diretor executivo geral do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis, destacou que essa antecipação de medidas de combate aos efeitos da seca são fundamentais para não prejudicar o abastecimento de insumos aos municípios do Estado. Segundo o gestor, anualmente em Manaus é movimentado mais de 750 mil contêineres.
Ainda de acordo com Fidelis, dragagens preventivas devem ocorrer na Região do Tabocal e na Enseada do Madeira próximo ao município de Itacoatiara, para facilitar a navegação e o transporte de mercadorias.
O Capitão dos Portos da Amazônia Ocidental, Capitão de Mar e Guerra André Carvalhaes, explicou que a Marinha do Brasil analisou a demanda do Grupo Chibatão e emitiu o “Nada a Opor” para a instalação da estrutura provisória de atracação e operação, pois a medida contribuirá consideravelmente com a região.
“Essa medida em caráter excepcional está no contexto das ações mitigadoras de risco para o período de estiagem. A Marinha do Brasil considera que o momento é de buscar soluções criativas e inovadoras, tais como essa do Grupo Chibatão, mantendo a segurança das operações. Nossa instituição reforçou as equipes de análise para dar mais celeridade aos processos dessa natureza e permanecemos prontos para analisar quaisquer outros que venham adotar tais medidas mitigadoras, contribuindo para a região do Amazonas e para a segurança da navegação”, garantiu o Carvalhaes.
Fonte: Real Time 1