Por Marco Dassori
O PIB do Amazonas encostou nos R$ 44,51 bilhões no quarto trimestre. Em meio ao aquecimento do consumo das famílias brasileiras para as festas de fim de ano, e já deixando a vazante para trás, o Produto Interno Bruto estadual avançou 3,03% no confronto com o mesmo intervalo de 2023, já descontada a inflação.
Encerrado período de incertezas em torno da aprovação da primeira lei que regulamenta a reforma Tributária, mas já em meio a um ciclo de escalada dos juros, a soma de bens e serviços produzidos pela economia amazonense teve alta real de 1,53% sobre o trimestre anterior.
É o que revela o estudo da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação) realizado a partir da sondagem do IBGE, divulgado nesta segunda (17). A base de dados está disponível no Portal do Planejamento (https://portaldoplanejamento.am.gov.br/pib-trimestral/), mas não informa qual foi o crescimento líquido do Produto Interno Bruto amazonense no acumulado do ano.
Segundo o levantamento da secretária estadual, o PIB do Amazonas chegou a R$ 169,70 bilhões na soma dos quatro trimestres de 2024, apresentando taxa de expansão nominal de 6,96%.
Assim como ocorrido no levantamento anterior, o Estado teve maior aceleração trimestral do que a média nacional (+0,2%), que voltou a se sair melhor do que o Amazonas no comparativo anual (+3,6%). Diferente do ocorrido no conjunto do país, a alta anual do PIB amazonense foi puxada pela indústria (+10,16%).
As indústrias extrativas (+19,91%), no entanto, voltaram registrar melhor desempenho do que o da indústria de transformação (+10,86%). Em contrapartida, a performance dos serviços (+5,38%) e da agropecuária (+0,58%) voltou a perder para a arrecadação tributária (+5,82%).
Indústria na frente
A indústria superou os R$ 16,04 bilhões e respondeu por 36,04% do PIB estadual do quarto trimestre. Foi registrado acréscimo nominal de 10,63%, na comparação com o quarto trimestre de 2023. No ano, o PIB do setor ficou em R$ 61,16 bilhões brutos.
Embora responda por 79,51% do setor, a indústria de transformação (+10,86% e R$ 12,75 bilhões no trimestre) perdeu para a extrativa (+19,91% e R$ 1,31 bilhão), neste tipo de comparação. Em seguida está a construção (+2,72% e R$ 1,09 bilhão), em período negativo para os SIUP/serviços industriais de utilidade pública (-1,84% e R$ 882 milhões).
Entrevistado pela reportagem do Jornal do Commercio, por ocasião da divulgação do PIB brasileiro, o presidente da Fieam, Antonio Silva, disse que a indústria local seguiu a tendência dos indicadores nacionais, impulsionada pelo consumo das famílias e da injeção promovida pelo governo federal. Mas, se mostrou cauteloso em relação a 2025.
“Para o primeiro trimestre, o cenário macroeconômico, impactado pela inflação e tendência da alta da taxa básica de juros e dólar, indica estabilidade dos indicadores do setor produtivo local, os quais são extremamente vinculados à tendência nacional”, frisou.
O presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, lembrou que o primeiro semestre é um período de muitas chuvas, férias e Carnaval, que paralisam realmente algumas coisas. “O setor trabalha no longo prazo e foi em 2024 que começou o FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), que é o seu principal motor no segmento habitacional.
Tivemos aportes dos governos federal e estadual. Vínhamos nessa onda, com juros menores, mais contratações e mais execuções de moradia. Em 2025, ainda vamos realizar aquilo que foi contratado em 2024. Pode ser que o ano seja estável, com tendência a diminuir. Nas obras públicas, o governo federal tem investido pouco. E temos Selic e inflação altas, com menor rendimento das famílias e menor expectativa de investimento”, analisou.
Serviços e agropecuária
Responsável pela maior parte do PIB amazonense (44,44%), os serviços contabilizaram R$ 19,78 bilhões, de outubro a dezembro de 2024. O resultado foi nominalmente 5,83% superior ao dado de igual intervalo do exercício anterior, em preços correntes. No ano, foram contabilizados R$ 75,41 bilhões pelo setor, disseminado principalmente nas atividades de transportes, armazenagem e correio (+5,51%) e “outros serviços” (+5,38%). O comércio (R$ 4,25 bilhões) foi ainda mais longe e escalou 9,83%.
“É claro que o setor de serviços, especialmente, teve um desempenho relativamente muito bom, considerando as dificuldades e as circunstâncias desse período”, ponderou o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, na mesma ocasião. “O comércio está em um processo de recuperação. O crescimento vai ser mais expressivo no segundo semestre, como é de praxe. A economia cresce de 20% a 30% nessa virada.”
Em um período em que a estiagem severa de 2024 já estava no fim, a minoritária agropecuária correspondeu a 3,66% do Produto Interno Bruto estadual, ao somar R$ 1,63 bilhão entre outubro e dezembro. Foi o setor econômico do Amazonas com a menor aceleração sobre o mesmo trimestre de 2024 (+0,58%).
No acumulado do ano, o setor movimentou R$ 6,21 bilhões. A Sedecti não informou os desempenhos desagregados pelas atividades de pecuária, agricultura, produção florestal e pesca, mas destacou o cultivo de arroz (+473,25% e 10.221 toneladas), de cana-de-açúcar (+292,77% e 258.959 toneladas).
Em entrevista recente à reportagem, o presidente da Faea, Muni Lourenço, reforçou que o desempenho do setor foi comprometido novamente em 2024, em função de “fatores climáticos adversos” – principalmente a seca que impactou não apenas o desempenho da atividade, como também a desova de sua produção.
“Mas, nossa expectativa é de que, neste primeiro trimestre haja uma retomada dos níveis de produção das principais culturas. Principalmente em razão do regime de chuvas mais favorável no período”, finalizou.
O estudo da Sedecti a partir dos dados das Contas Nacionais do IBGE informa ainda que a rubrica de “imposto” (R$ 7,06 bilhões) representou 15,86% do PIB amazonense do trimestre, tendo avançado 5,82% no confronto com o último trimestre de 2023. No acumulado do ano passado, os tributos totalizaram R$ 26,92 bilhões.
Fonte: JCAM