Enquanto especialistas, empresários e representantes da indústria participam nesta sexta-feira (21) da segunda edição do Fórum ESG Amazônia, na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a discussão sobre sustentabilidade, inovação e responsabilidade ganha ainda mais urgência.
Promovido pelo Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) em parceria com a Suframa, o evento reforça o papel estratégico da Zona Franca de Manaus na transição para um modelo de desenvolvimento mais sustentável — justamente no ano em que a região Norte do Brasil recebe a COP30.
Com o tema “Cieam e Suframa rumo à COP30”, o fórum reúne cases de empresas do Polo Industrial de Manaus que já implementam práticas ambientais, sociais e de governança, mostrando que o ESG deixou de ser apenas uma tendência e passou a integrar, de forma concreta, a gestão de negócios mais comprometidos com o futuro. No entanto, o caminho ainda é longo.
Oportunidade para ter relevância no mercado
De acordo com uma pesquisa realizada pelo TEC Institute, 75% das empresas brasileiras ainda não possuem nenhum tipo de certificação em sustentabilidade ou ESG. O dado revela uma realidade preocupante, mas também escancara um campo fértil de oportunidades para quem deseja se posicionar com responsabilidade e relevância no mercado — especialmente em um cenário cada vez mais exigente em relação às práticas ambientais e sociais.
No Fórum ESG Amazônia, o debate é conduzido por especialistas como o professor Daniel Vargas, da FGV, e executivos de empresas que já adotam estratégias alinhadas aos pilares ESG. Além das palestras e painéis, a programação inclui uma exposição de produtos sustentáveis fabricados por indústrias do PIM — uma vitrine concreta do potencial da região.
COP30: momento para mostrar o que a ZFM pode oferecer
Com a realização da COP30 em Belém (PA), a atenção internacional estará voltada à Amazônia. O Fórum ESG Amazônia é um passo importante para que o modelo da ZFM possa se consolidar como referência em produção industrial alinhada à conservação ambiental e à inclusão social.
O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, reforça que iniciativas como essa ajudam a posicionar o modelo da Zona Franca de Manaus como exemplo de desenvolvimento com responsabilidade. “Queremos mostrar que é possível crescer economicamente, gerar empregos e preservar nossos recursos naturais”, disse.
ESG deve se incorporar à cultura das empresas
Para a coordenadora da Comissão ESG do CIEAM, Régia Moreira, o evento representa um marco na consolidação da agenda ESG no Polo Industrial de Manaus.
“Estamos construindo uma trilha de conhecimento e transformação. Nosso objetivo é que o ESG deixe de ser uma sigla distante e se torne uma prática incorporada à cultura das empresas, influenciando desde os processos produtivos até as decisões estratégicas”, destacou.
Régia reforça que, ao trazer exemplos práticos de indústrias que já aplicam os pilares ambiental, social e de governança, o fórum contribui para inspirar outras empresas a iniciarem suas jornadas.
“O ESG não é exclusivo da indústria ou de grandes corporações. Ele é aplicável a qualquer negócio e, mais do que isso, deve fazer parte da vida de cada cidadão. A educação ambiental, a inclusão social e a governança ética são responsabilidades coletivas, e é isso que queremos fortalecer aqui”, afirmou.
Afinal, o que é ESG?
A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance — ou, em português, Ambiental, Social e Governança. O conceito se refere a um conjunto de critérios usados para avaliar o impacto e a responsabilidade das empresas em relação ao meio ambiente, à sociedade e à forma como são geridas. Na prática, adotar o ESG significa, por exemplo, reduzir emissões de carbono, promover diversidade no ambiente de trabalho e garantir transparência nos processos internos.
Além de atender às exigências de consumidores e investidores mais conscientes, as empresas que incorporam esses pilares se posicionam melhor no mercado e contribuem para um futuro mais equilibrado e sustentável.
Certificação ESG: há legislação? Como conseguir?
Atualmente, não existe uma legislação única no Brasil que regule a certificação ESG. No entanto, há normativas e padrões internacionais que servem como referência para as empresas que desejam obter certificações reconhecidas. Algumas das principais certificações e frameworks são:
- ISO 14001 (Meio Ambiente)
- SA 8000 (Responsabilidade Social)
- ISO 26000 (Diretrizes de Responsabilidade Social)
- GRI Standards (Relatórios de Sustentabilidade)
- IBGC (para Governança Corporativa)
- Selo B (Sistema B – Empresas com impacto positivo)
Etapas para uma empresa iniciar o processo de certificação ESG:
- Diagnóstico: Avaliação interna das práticas atuais em relação aos critérios ESG.
- Planejamento: Definição de metas, indicadores e estratégias de implementação.
- Capacitação: Treinamento de equipes e alinhamento com a cultura organizacional.
- Execução: Implantação de políticas e práticas sustentáveis e de governança.
- Monitoramento: Acompanhamento de indicadores e ajustes contínuos.
- Certificação: Escolha do selo ou norma desejada e contratação de auditoria externa.
Fonte: Real Time 1