Foi realizado nesta sexta-feira (02/06/2023) o primeiro Fórum da Indústria 4.0 do Amazonas. O evento, que aconteceu no auditório do Senai, na Avenida Rodrigo Otávio, zona sul de Manaus, contou com a presença de representantes e especialistas do setor para aprofundar o entendimento do conceito e apresentar seus próprios cases de sucesso.

Na abertura, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo celebrou a reunião de líderes, pesquisadores e entusiastas para discutir a revolução que está transformando a indústria em todo o mundo. Estamos observando uma mudança sem precedentes. É uma era de inovação sem igual e com oportunidades sem limites”, entusiasmou-se.

Azevedo lembrou ainda que esses recursos tecnológicos abrem novas perspectivas para a Amazônia, especialmente nas áreas de sustentabilidade. “A indústria 4.0 é uma oportunidade única para criar desenvolvimento sustentável e inspirar o mundo para fazer o mesmo”, sugeriu.

Sandro Breval Santiago, pesquisador e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) apresentou o conceito geral de Indústria 4.0 e citou alguns números dentro do Pólo Industrial de Manaus. “Estamos na média brasileira, sendo 38% a 41% das empresas no PIM já possui iniciativas da indústria 4.0”.

Breval mostrou como a Indústria 4.0 muda a interoperabilidade da indústria, modificando assim a curva de produtividade da manufatura tradicional. A vantagem desse modelo, segundo ele, está na menor perda de valor agregado.

Ewerton Oliveira, diretor de operações da Multi (antiga Multilaser) trouxe um pouco da experiência da empresa na adoção de processos dentro do novo modelo. Para ele, antes de pensar em processos de automação, é preciso saber como, quando e onde aproveitá-los. “Não adianta colocar robôs onde isso não vai gerar valor”, afirmou.

A solução inicial encontrada pela Multi foi a criação de um gate, que é um processo de pré-avaliação que serve para monitorar as oportunidades onde o sistema possa ser utilizado de maneira produtiva. “Isso acaba nos trazendo um norte pra saber quando aplicar e quando não aplicar”, explicou.

Com relação aos projetos, Oliveira afirmou que é necessário estar sempre realizando diagnósticos de Maturidade e Prontidão para guiar o processo de implementação dessas novas tecnologias. Um primeiro desafio, segundo ele, é melhorar a comunicação entre as máquinas. “É uma jornada que ainda está no início”, ponderou. Outro ponto fundamental, segundo ele, é não perder de vista a importância do elemento humano no processo. “O ponto mais importante são as pessoas”, disse.

Joziely Carvalho, engenheira de produção da Digitron, falou sobre o programa Jornada Amazônia 4.0, uma iniciativa que consiste em adicionar sensores para monitoramento em tempo real para monitorar problemas de soldabilidade, possibilitando soluções imediatas, reduzindo as falhas.

Dentre os outros projetos da Digitron nessa área estão sistemas de gerenciamento de componentes eletrônicos, que ajudam a direcionar placas de sistema de acordo com a demanda dos clientes.

Dahlson Bisker, gerente industrial da planta da Tutiplast, entende que o investimento em tecnologia é um meio, um viabilizador do verdadeiro propósito. “O propósito é mais profundo. Queremos desenvolver produtos de plástico, gerar emprego e renda e adotar práticas de sustentabilidade”, afirmou.

Para Bisker, simplesmente “comprar um robô” não garante melhorias de produtividade. O diretor da Tutiplast explicou como funcionam os projetos de novas tecnologias, como o Programa Inovar, o TPM, o Tutilabs, o Programa Capacita e o Programa Inovação Singulari, além do programa de educação Tuti Academy.

A estratégia da empresa é deixar as novas tecnologias mapeadas para serem utilizadas conforme a demanda e as necessidades. “A ideia é aproveitar as oportunidades usando o diagnóstico conforme as dores. Coisas que vão fazer a diferença”, afirmou.

Élvio Dutra, diretor do Instituto de Sistemas de Inovação do SENAI lembrou que a Indústria 4.0 é visto como fundamental pelas instituições que compõem o Sistema S, que atua em três frentes na formação de profissionais dentro desse setor funcionando como ponte entre eles e a indústria.

O Instituto Euvaldo Lodi busca novos talentos junto às universidades e treina esses jovens, enquanto o SENAI, por sua vez, atua prestando consultoria para introduzir esses novos profissionais no mercado. Já o ISI atua na parte de novas tecnologias propriamente dita. “Temos uma estrutura flexível e temos como principal foco os jovens”, explicou Élvio Dutra.

O diretor trouxe ainda casos que mostram a importância da utilização de tecnologia integrada dentro dos laboratórios de computação, microeletrônica e semicondutores do SENAI. “Todas essas linhas são produzidas para os nossos protótipos, mas também testamos os protótipos que a indústria em geral faz”, afirma.

Segundo Dutra, a Indústria 4.0 serve para resolver problemas, consequentemente, as soluções e as novas tecnologias vão ser melhor guiadas de acordo com as necessidades das pessoas. “A tecnologia deve ser utilizada de acordo com seu problema”, ponderou.

Durante os debates, o diretor regional do SENAI, Rogério Pereira falou sobre a importância da digitalização para qualquer empresa que tenha como objetivo ingressar na Indústria 4.0. O diretor lembrou da existência do site senai40.com.br, que pode auxiliar nesse processo.

Vale o registro que as empresas foram participantes do Programa Jornada Amazônia 4.0 promovido pela ABDI com execução do INDT no Amazonas, no qual utilizaram o modelo de medição da maturidade e prontidão da indústria 4.0 – PIMM4.0 desenvolvido pelo Prof Sandro Breval que já é utilizado nacionalmente.

“O primeiro passo é a digitalização. Isso vale da pequena indústria até a grande indústria. Com as suas informações digitalizadas, aí sim vocês saberão quais caminhos poderão tomar”, sugeriu.

Sobre a Indústria 4.0

A Indústria 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial, é o nome dado à transformação tecnológica nas atividades industriais. O termo foi usado pela primeira vez na Feira de Hannover, na Alemanha, em 2013.

Nessa etapa, são utilizadas diferentes tecnologias aplicadas à indústria, como inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas (ou seja, a conexão de objetos usados no dia a dia com a internet), buscando digitalizar processos e, assim, aumentar a produtividade.

A Indústria 4.0 aumenta a eficiência do uso de recursos e o desenvolvimento de produtos em larga escala, além de propiciar a integração do Brasil em cadeias globais de valor. O modelo também implicará em transformações na gestão empresarial, tanto quanto à estratégia para implementar tecnologias, como a cooperação entre as áreas de tecnologia de informação (TI) e as de produção.

Fonte: Imprensa SIMMMEM
imprensa@simmmem.org.br

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