Ainda em discussão, ideia seria oferecer serviços de pesquisa por meio de laboratórios do Inpa em troca de pagamentos

Waldick Junior

17/11/2023 às 08:12.

Atualizado em 17/11/2023 às 08:12

Nomeado novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o professor Henrique Pereira quer recuperar o orçamento do órgão com fontes que vão além dos repasses feitos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pasta ao qual o Inpa é ligado. Algumas apostas são o avanço de parcerias com a iniciativa público-privada, a busca por fundos de financiamento, como o Fundo Amazônia, e a abertura de parte dos atuais laboratórios para prestação de serviço a empresas.

“A questão orçamentária é um esforço conjunto do governo federal, depende da organização da nossa política econômica e fiscal. Uma aposta é que, com a melhora da arrecadação, se passe a aumentar os valores transferidos para os ministérios. Porém, o Inpa também tem um potencial muito grande de captar recursos de outras fontes”, afirmou Henrique para A CRÍTICA, que agora aguarda apenas a cerimônia de posse para começar a despachar no órgão.

Ele avalia que essas parcerias podem não substituir a necessidade de repasses federais, mas complementar os recursos disponíveis. “Há muitas organizações privadas que têm interesse em vincular sua atuação com a área da pesquisa científica, com resultados práticos, como a questão do reflorestamento de áreas degradadas, algo que o Inpa tem experiência. Também temos como colaborar com estudos sobre impactos ambientais, especialmente sobre fauna e flora”,  disse.

Nesse ponto, o professor ressalta que está em discussão no Inpa a possibilidade de ‘abrir’ os laboratórios para serviços que possam ser prestados junto a empresas, com pagamentos que poderiam complementar os recursos do órgão.

“É, basicamente, parceria entre empresas e laboratórios, com pagamentos. Hoje é um pouco mais difícil, mas o novo Marco da Inovação brasileira já permite isso, como já ocorre em outros países. Isso não vai ser um recurso importante, significativo [no orçamento do Inpa], mas vai ser um recurso essencial para aproximar o setor empresarial das organizações de C&T. Então, uma indústria poderá demandar serviços, por exemplo, de análises químicas e de aferição de padrões”, afirmou.

 Mais recursos

 Nesta semana, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), principal entidade civil do setor, criticou o fato de o orçamento proposto pelo governo para o MCTI, em 2024, ser 6,74% menor que o deste ano. Em carta enviada ao relator do Projeto de Lei Orçamentária 2024 (PLOA), deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), a SBPC pediu alteração na previsão para o ano que vem.

Por outro lado, no PLOA do próximo ano, o Inpa recebeu um incremento de R$ 6,8 milhões para o seu orçamento, saindo de R$ 34,9 milhões neste ano para R$ 41,8 milhões em 2024. O aumento de 19,5% é considerado crucial para a retomada e fortalecimento de atividades do instituto. Para Henrique, além desses repasses, o órgão precisa avançar com outras formas de financiamento.

“O Inpa tem captado recursos de parcerias internacionais, de grandes projetos, claro, com a contrapartida brasileira. Sobre o Fundo Amazônia, ainda não teve até aqui um projeto [do Inpa] aprovado no fundo, mas é um bom momento para se pensar, porque o fundo está sendo reativado. Esteve paralisado para novos projetos. É uma boa oportunidade, temos condições, mas o Inpa precisa focar naquilo que é o seu metiê, sua característica, e isso ainda envolve negociarmos com o Fundo o que é de interesse deles na participação de uma instituição como o Inpa”, explicou o novo gestor.

Fonte: Acritica

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