O Amazonas manteve ritmo crescente na quantidade de abertura de empresas, em maio. O Estado somou 739 novos negócios no mês e avançou 27,41% sobre abril (580) – que teve quatro dias úteis a menos. O saldo, contudo, ficou 8,88% abaixo da marca de 12 meses atrás (811). Em sintonia com as incertezas do mercado, a taxa de mortalidade se manteve firme, em ambas as comparações, em panorama hostil principalmente para os empreendedores individuais. O índice de baixas de CNPJs subiu 11,11% entre o quarto (315) e o quinto (350) mês de 2023, além de se manter 4,17% mais elevado do que o de maio do ano passado (336).
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o cenário segue desanimador e desafiador para as empresas do Amazonas, apesar de sinalizar recuperação gradual. Um total de 1.760 pessoas jurídicas amazonenses encerrou as atividades no período, quantitativo 15,71% reforçado em relação a igual intervalo do ano passado (1.521). Em paralelo, foram constituídos 3.326 novos negócios em âmbito local, número somente 4,07% superior ao capturado no trimestre inicial de 2022 (3.196).
As informações são da Jucea, a partir de relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro) do Ministério da Economia. Segundo a Junta Comercial do Estado do Amazonas, os serviços (438) lideraram as aberturas, seguidos por comércio (252) e indústria (28) – contra 355, 197 e 15 em abril, respectivamente. Os municípios com mais constituições foram Manaus (535), Manacapuru (27), Itacoatiara (16), Humaitá, Parintins (ambos com 14) e Tefé (13). A autarquia não informou números desagregados de encerramento de empresas. Vale notar que os dados do Portal do Empreendedor mostram panorama ainda menos amigável para os MEIs (microempreendedores individuais).
Categorias e MEIs
De acordo com o levantamento da Jucea, a maior parte das 398 pessoas jurídicas amazonenses que saíram do mercado no mês passado estava novamente na categoria de empresário individual (212), em número mais forte do que o capturado no levantamento anterior (201). Foram extintas também 135 sociedades empresariais limitadas – contra as 114 contabilizadas em abril. A lista incluiu também 2 consórcios de sociedades e 1 cooperativa.
Em contraste, o movimento em torno da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (739) voltou a priorizar as sociedades empresariais limitadas (481), chegando a corresponder a quase o dobro da quantidade de registros na modalidade de empresário individual (249). O rol de novos negócios incluiu também 7 sociedades anônimas fechadas, 1 cooperativa e 1 consórcio de sociedades.
Já os números do Portal do Empreendedor mostram que as aberturas nessa modalidade escalaram 13,22%, entre abril (2.806) e maio (3.177). Em relação a 12 meses atrás (3.335), entretanto, houve queda de 4,74%. Já as extinções expandiram 36,47% na variação mensal (de 1.179 para 1.609), e decolaram 66,91% ante o mesmo mês de 2022 (964). Em cinco meses, o número de constituições de novos MEIs no Estado encolheu 4,56%, com 15.223 (2023) contra 15.951 (2022). Os encerramentos foram catapultados em 63,17% na mesma comparação, ao passar de 4.187 (2022) para 6.832 (2023).
Inflação e juros
Na análise da ex-vice-presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, os números da Jucea refletem as dificuldades da economia rumo a uma recuperação próxima aos patamares anteriores à pandemia. De acordo com a economista, as dificuldades dos empresários se devem principalmente ao peso da inflação e do crédito caro.
“Destacamos também os números do desemprego e da inadimplência que prejudicam o consumidor na hora das compras. As empresas individuais são as mais frágeis e acabam sentindo mais a hostilidade do ambiente de negócios. Para os próximos meses o cenário deve permanecer neste patamar, mas acreditamos que o próximo trimestre já apresente um cenário mais positivo”, ponderou.
O ex-presidente do Corecon-AM, consultor empresarial e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Junior, avalia que o panorama está desfavorável aos negócios não apenas pelo baixo crescimento da economia, mas também em razão das incertezas do próprio modelo ZFM na reforma Tributária. “Nas reuniões do Codam e do CAS, há uma diminuição de projetos de implantação, em detrimento dos de diversificação. No caso dos MEIs, podemos ver um recuo na terceirização industrial. Só vejo uma possível melhora no longo prazo, a partir da queda da Selic”, avaliou.
Já a consultora empresarial, professora, conselheira do Cofecon (Conselho Federal de Economia) e integrante da seção regional da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia, Denise Kassama, enfatiza que os números da Jucea confirmam que o cenário econômico ainda “não está bom”, em razão de taxas de “juros draconianas”.
“Para mim, isso é inexplicável e injustificável e isso emperra qualquer atividade econômica. E a volatilidade nos números dos MEIs está ligada a essas oscilações de mercado. É preciso lembrar que essa categoria se constituiu em nova contratação de pessoal. O empresário atendia serviço terceirizado e foi desligado, muitas vezes acaba optando pela descontinuidade, para não arcar com uma taxas em atividade econômica. Mas, poucos são empreendedores de fato e maioria é mão de obra barata”, arrematou.
Jucea registra menor tempo de abertura de empresas
Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a Junta Comercial do Amazonas informa que apresentou o menor tempo já estimado para abertura de novos empreendimentos, em maio. No mês anterior, o empreendedor consumia tempo médio de 53 minutos na operação. A Jucea considerou que essa foi uma marca histórica, marcando quatro anos de serviços 100% digitais para todos os 62 municípios amazonenses.
De acordo com a presidente da autarquia, Maria de Jesus Lins, a Jucea tem trabalhado e investido para consolidar e apresentar novas melhorias dos serviços e atendimentos oferecidos “Nosso objetivo é fundamentar serviços que sejam capazes de garanti aos nossos usuários uma base sólida e segura, além de dar suporte necessário e atender com toda a segurança as demandas dos empresários. E todos os benefícios que surgem são frutos desse trabalho”, concluiu.
Por Marco Dassori
Fonte: JCAM