Por Marco Dassori

O mercado de trabalho do Amazonas registrou saldo positivo de 3.200 empregos com carteira assinada, em março. A quantidade de admissões (+22.651) superou a dos desligamentos (-19.451), com alta de 0,61% sobre o estoque anterior. O dado veio pouco abaixo de fevereiro (+3.383), mas correspondeu a mais do que o dobro da fraca base de comparação do mesmo mês do ano passado (+1.547). Como de hábito, a oferta veio prioritariamente de Manaus (+2.919). Diferente dos meses anteriores, todos os setores econômicos contrataram, principalmente a indústria e nem tanto os serviços.

Com o reforço na aceleração, o índice de aumento de vagas com carteira assinada no Estado (+0,61%), desta vez, superou a média nacional (+0,53%) e a região Norte (+0,42%). No trimestre, o Amazonas obteve expansão de 1,34% e 6.911 novos postos de trabalho, com destaque também para a indústria, tanto em números absolutos (+3.339), quanto em alta proporcional (+2,65%). Em 12 meses, a expansão foi de 5,16% (+25.560) elevando o estoque do Estado para 524.740 vínculos celetistas ativos. Os números são do ‘Novo Caged’, e foram divulgados nesta terça (30), pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

O Brasil como um todo teve mais admissões (+2.262.070) do que demissões (-2.018.105). O saldo ficou positivo em 244.315 empregos com carteira assinada, com acréscimo de 0,53% e saldos positivos disseminados em todas as cinco regiões brasileiras. O impulso veio mais fraco do que o registro de fevereiro (+306.111), mas foi maior do que o dado do mesmo mês de 2023 (+195.171). O estoque somou 46.248.096 vínculos celetistas. O crescimento não foi uma realidade para todos os setores, com destaque positivo para os serviços (+148.722), e a única queda vindo da agropecuária (-6.457).

Vale ressaltar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que o Amazonas encerrou o quarto trimestre de 2023 com o nível de desocupação novamente em queda, mas em um patamar ainda elevado de 173 mil pessoas – ou 8,8% de sua força de trabalho. Apenas 55,5% (1,79 milhão) da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 54,6% (979 mil) desse grupo não contava com carteira assinada. O desempenho do primeiro trimestre de 2024 só será divulgado em 17 de maio.

Serviços e comércio

Todas as cinco atividades econômicas fecharam março com mais admissões do que desligamentos. Os serviços, que costumam liderar o ranking da oferta de oportunidades profissionais no Estado, desceram para a segunda posição. O setor ganhou 894 vagas celetistas no mês, com avanço de 0,37%, menos da metade do registro de fevereiro (+2.054). As vagas se concentraram principalmente nos grupos que reúnem a administração pública (+432) e transporte, armazenagem e correio (+412). O setor com um todo abriu 3.190 vagas (+1,33%) no trimestre.

No mês da Páscoa, e com a mesma quantidade de dias úteis, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos”, renovou saldo positivo, com a criação de 636 vagas e alta de 0,53%, em impulso bem mais forte do que o do mês anterior (+172). As admissões foram carreadas pelo varejo (+399). O atacado (+176) e o segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (+61) acompanharam, à distância. Em três meses, o comércio amazonense em geral opera com estoque de empregos quase estagnado (+0,06% e +70).

“O Amazonas cresceu acima da média nacional, o que indica retomada da economia, e sinaliza um contorno mais favorável. O mercado de trabalho está reagindo, e acompanhando o desempenho da economia, que agora está respirando um pouco. Saímos do período de férias e do Carnaval e, apesar de termos um prognóstico de estiagem, vamos superar parte dos problemas que nos atingiram em 2023. Em maio temos o Dia das Mães, e temos a expectativa de que o comércio continue se reinventando, planejando suas vendas com antecedência”, ponderou o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota.

Indústria de transformação

A indústria foi o setor que mais contratou localmente, registrando aumento de 0,95% e 1.218 novos postos de trabalho, superando as marcas de fevereiro (+1.052) e janeiro (+1.055). Só a indústria de transformação disponibilizou 1.224 ocupações, com resultados positivos em 17 de suas 25 atividades, principalmente nas linhas de produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+498). A alta foi uma realidade para o segmento de eletricidade e gás (+7), mas não para a indústria extrativa (-1) e à divisão de água, esgoto e descontaminação (-12). No acumulado do ano, foram geradas 3.339 vagas pela indústria do Amazonas (+2,65%).

“Os números refletem o bom momento econômico do Amazonas e, especialmente, do Polo Industrial de Manaus. O número de empregados formais é um indicador extremamente importante para aferir o panorama da economia, uma vez que demonstra o nível de aquecimento, tanto no que diz respeito à produção, quanto em relação ao consumo. Nossa expectativa é de que a tendência de crescimento se mantenha ao longo dos próximos anos”, comemorou o presidente do Fieam e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva.

Agropecuária e construção

A agropecuária quebrou uma sequência de quatro meses de saldos negativos para gerar 56 postos de trabalho formais, obtendo o segundo maior índice de crescimento de estoques da lista (+1,21%). A criação de empregos celetistas se concentrou no grupo que reúne “agricultura, pecuária e serviços relacionados” (+49) – especialmente a pecuária de criação de aves (+42). A produção florestal (+9) voltou a avançar, diferente da pesca e aquicultura (-1). Ainda assim, a agropecuária amazonense ainda fechou o trimestre com 165 empregos a menos (-3,41%).

A construção (+1,44% e +396) emendou um segundo mês consecutivo de crescimento nas ocupações formais. O acréscimo se aproximou da oferta de fevereiro (+366) e ajudou a compensar as perdas acumuladas em janeiro (-298), dezembro (-785) e novembro (-206). As contratações se disseminaram pelas atividades de construção de edifícios (+156), serviços especializados para construção (+145) e obras de infraestrutura (+95). Em três meses, o setor gerou 477 vagas no Estado e ainda apresenta a maior elevação para o período (+1,74%).

“Presumo que as demissões dos últimos meses de 2023 ocorreram por causa da falta de material [em decorrência dos problemas logísticos gerados pela estiagem]. Acredito que, agora, a tendência é que as contratações aumentem, principalmente com a aproximação do verão. Empreendimentos não faltam. O que está faltando é até mão de obra mesmo para contratar. Muita gente está trabalhando na informalidade. Precisamos pensar nesse assunto também. Mas, o período é promissor”, concluiu o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza.

Fonte: JCAM

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