Economia volta a subir em setembro, no segundo mês
consecutivo, segundo levantamento no indicador IBC-Br

OPIB do Amazonas cresceu pelo segundo mês consecutivo, entre agosto e setembro. A expansão foi de 0,71%, em mês positivo para os serviços, mas nem tanto para o comércio e a indústria. O resultado veio pouco mais forte do que o dado anterior (+0,50%), superando com folga a estagnação da média nacional. Em relação a igual período de 2021, o salto foi de 8,51%. Com isso a economia amazonense, conseguiu acumular alta de 4,40%, no comparativo dos nove meses iniciais deste ano. É o que apontam os
números mais recentes do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

Os dados são dessazonalizados e desconsideram diferenças de feriados e de oscilações da
atividade econômica, típicas de determinadas épocas do ano. Conforme o estudo, o Amazonas voltou a ter performance melhor do que a brasileira. O IBC-Br nacional praticamente estagnou na comparação com agosto (+0,05%), em resultado insuficiente para recuperar a contração do levantamento precedente (-1,13%), e abaixo da média das expectativas do mercado financeiro. O confronto com setembro de 2021 rendeu
acréscimo de 4%, contribuindo para uma elevação de 2,93% no acumulado.

A economia amazonense aparece com 156,62 pontos, conforme os dados do BC, e subiu 1,10% na média móvel trimestral encerrada em setembro deste ano. Foi o melhor número da série histórica do indicador, desde maio de 2014 (157,13 pontos). No acumulado de 12 meses, o PIB do Amazonas cresceu 2,88%. Vale notar que estes dois tipos de comparação
são os mais usados pelos especialistas para indicar eventuais tendências. Em contrapartida,
a média brasileira apresentou desempenho mais fraco na variação trimestral (+1,36%), mas veio abaixo do dado regional na base anualizada (+2,34%).

Serviços na frente

O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais do IBGE –cuja próxima
divulgação nacional está prevista para 1º de dezembro de 2022. O indicador do BC leva em conta estimativas para os setores econômicos, acrescidos de arrecadações de impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica. Dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam, no entanto, que a produção industrial tombou, o comércio estacionou, e os serviços consolidaram novo crescimento.

Segundo o IBGE, a indústria amazonense voltou a tombar em setembro, em sintonia com quase toda a manufatura nacional. Decresceu 2,9% na variação mensal, comprometendo parte dos ganhos de agosto (+6,9%) e reforçando as perdas de junho (-1,4%)
e julho (-2,7%). O crescimento de 13,7% na comparação com o dado de 12 meses atrás alavancou principalmente os segmentos de duas rodas e concentrados para refrigerantes, mas o polo eletroeletrônico, entre outros, voltou a encolher. Com isso, o setor sustentou altas respectivas de 4,8% e de 1,2%, nos acumulados de janeiro a setembro, e de 12 meses.

Em um mês sem datas comemorativas, mas favorecido pelo terceiro mês seguido de deflação, e pela injeção de liquidez federal em ano eleitoral, o comércio não passou da estagnação na variação mensal (+0,1%), embora tenha mostrado resultados melhores
ante outubro de 2021 (+1,5%) e nos acumulados (+2,8% e 0,4%).

Mas, os segmentos dependentes de crédito se saíram pior. Já o setor de serviços emendou seu terceiro mês de alta, com acréscimos em todas as comparações (+1,5%, +9,9%, +9,3% e +8%, respectivamente), e destaque para os subsetores de telecomunicações
de tecnologia de informação, alimentação e alojamento, entre outros.

Receita e a Sefaz tiveram pior sorte. A arrecadação federal (R$ 1,57 bilhão) caiu 6,41% em relação a setembro de 2021. As baixas se situaram nos recolhimentos de Cide sobre combustíveis, IPI, Cofins, que amargaram tombos de dois dígitos. PIS/Pasep e CSLL
mergulharam mais raso. Já a receita tributária estadual do Amazonas recuou 1,44% na mesma comparação, ao somar apenas R$ 1,44 bilhão. A arrecadação foi especialmente desfavorecida no ICMS, IPVA, FTI, FMPES e contribuição para UEA, em um mês de baixas para comércio, importação de insumos, energia e comunicações.

“Economia instável”

A ex-vice-presidente do Corecon-AM, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, avalia que, embora comércio e serviços tenham ajudado a alavancar o PIB amazonense com mais força em relação à média dos demais Estados Brasileiros, o
fato de a indústria ainda não ter conseguido alcançar patamares de “ampla recuperação”, após os meses mais duros da pandemia, merece atenção. Isso porque o setor é o carro-chefe da economia do Amazonas e seu desempenho tem “peso relevante” na economia estadual.

“É interessante observar que ainda seguimos na contramão do IBC-Br nacional. Os dados
refletem uma economia instável, impactada por um cenário turbulento, mas com tendência
de recuperação. Acredito que o acumulado do ano seja positivo, levando-se em consideração os três últimos meses do ano, que são de compras e de confraternizações. Há a renda oriunda do 13° salário em circulação e, neste ano, temos ainda a Copa do Mundo,
que trará um aquecimento para todos os setores da economia”, ponderou.

A economista se diz otimista para 2023, apesar das “muitas incertezas”. Ressalva, contudo,
que ainda é necessário observarcomo se vai comportar o processo inflacionário doméstico e internacional e como o BC vai seguir no direcionamento da taxa de juros. “Além disso, temos de acompanhar de perto o que os analistas estão chamando de “horizonte de estagnação” para 2023, que anuncia um ano economicamente mais difícil do que 2022, visto o prolongamento do conflito no Leste europeu, a inflação internacional e a baixa oferta do petróleo no mercado internacional”, listou.

PIM e sazonalidade

Já a consultora empresarial, professora e integrante da seção regional da Abed no Amazonas, Denise Kassama, considera que, a despeito do declínio no desempenho global da indústria amazonense, o avanço do PIB estadual certamente se deveu a alguns dos segmentos do PIM, especialmente concentrados e duas rodas e o impulso relativo da Copa do Mundo nas divisões de eletroeletrônicos da linha marrom e de dispositivos
portáteis. No entendimento da economista, embora não tenha sido um aumento substancial, foi um resultado muto bem-vindo para o Estado.

“O Polo é focado nos bens de consumo, que ainda não estão com sua plena capacidade,
dentro desse lento processo de recuperação econômica. Mas, embora o brasileiro não esteja com dinheiro para adquirir um aparelho de ar-condicionado, ele tem para comprar seu refrigerante. Ouso pensar que a linhas de produção de TVs também tenham alcançado algum crescimento. Mas, em razão da crise, não foi aquele boom dos anos anteriores. São segmentos que puxaram empregos, geraram consumo e fizeram o PIB se mover”, analisou.
Denise Kassama concorda que as expectativas de curtíssimo prazo tendem a ser positivas, em razão da sazonalidade. “Ainda não há muito o que comemorar. O crescimento até
aqui é natural e segue muito a linha natural do tempo. Temos que comparar mesmo a partir de janeiro, que torço ser melhor. Vamos ver se o crescimento se sustenta mesmo, e isso vai depender do nível de confiabilidade que o novo governo conseguir impor”, concluiu.

Fonte: JCAM

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