Segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem, desde o dia 15 de setembro, as empresas não reservam mais contêineres para serem alocados nos navios e nem novos transportes de carga para a capital amazonense.

Por Bianca Fatim, Daniel Landazuri, Matheus Sena e Karla Mendes, g1 AM e Rede Amazônica

 

Devido à seca severa que o Amazonas enfrenta, a navegação de navios que transportam cargas de insumos para o comércio e fabricação de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM) foi suspensa temporariamente. Segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), as empresas náuticas encontram dificuldades com os baixos níveis dos rios no estado.

De acordo com a Abac, desde o dia 15 de setembro, as empresas não reservam mais contêineres para serem enviados nos navios e nem novos transportes de carga para Manaus, pois a navegação é considerada impossível na região.

A Seca de 2023 em Manaus já é a terceira maior da história. Na última medição do porto da capital, o nível do Rio Negro marcou 13,91 metros, a cidade está a 28 centímetros da vazante histórica, registrada em 2010, quando o rio chegou a descer para 13,63 metros.

O setor de transporte pelos rios estima que 80% das empresas que fazem a logística para Manaus estão sofrendo com a seca deste ano. E 70% de toda a carga transportada para capital amazonense chega de navio.

A Abac informou que, nos últimos dias, dois navios cancelaram a ida a Manaus e, provavelmente, outros três navios, que já estavam com o transporte de carga previsto, serão obrigados a cancelar.

Em algumas áreas, essas embarcações não conseguem navegar e o transporte de combustíveis, alimentos, matéria-prima e itens para a ZFM não conseguem chegar com até a capital do Amazonas.

Uma alternativa usada pelas empresas é diminuir a capacidade de carga e fazer o transporte por balsas. A Rede Amazônica acompanhou a chegada de uma embarcação que veio de Porto Velho para Manaus com combustível, mas ao invés de ser carregada com a capacidade máxima, só veio com a metade para facilitar o transporte.

Com a estiagem se intensificando a cada dia, casos de embarcações encalhadas pelos rios do estado tem se tornado cada vez mais comum.

Outra preocupação da Abac é que a Zona Franca de Manaus pode não conseguir escoar seus produtos, o que, dependendo da duração da crise, pode causar desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, em especial no “Black Friday”.

Portos confirmam suspensão

Os dois principais portos de cargas de Manaus – Porto Super Terminais e Porto Chibatão – confirmaram à Rede Amazônica que a navegação de navios está temporariamente suspensa.

Segundo o Porto Super Terminais, nenhum dos cinco navios carregados com insumos para a Zona Franca de Manaus, previstos para atracarem no terminal portuário em outubro, conseguirão chegar devido ao baixo nível de água dos rios.

Em nota, o Porto Chibatão também confirmou que a vazão das águas em Manaus impede a navegação das embarcações de carga. “O nível na água não permite que a passagem de navios sejam realizadas com segurança. Sendo assim, estamos aguardando estimativas dos armadores que operam em nossa região”.

Impactos econômicos

O último trimestre do ano é essencial para a Zona Franca exportar produtos por conta de datas como a Black Friday e festas de final de ano.

“Isso nos preocupa porque o atraso da carga que deveria chegar em Manaus é grande. Com isso nós vamos ter alguns pontos e picos de falta de produtos”, pontuou o presidente da Câmara de Dirigentes de Lojistas (CDL), Ralph Assayag.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, falou sobre medidas para tentar reduzir os impactos na indústria no período da estiagem.

“As reivindicações são antigas, quanto a sinalização das hidrovias e se ouve muito falar que será feito uma dragagem dos rios para quando chegar nessa época não ter esse problema”, disse.

Uma solução anunciada pelas autoridades é o serviço emergencial de dragagem em trechos dos rios Solimões e Amazonas. Com a intervenção, o governo pretende abrir caminho para a navegação, que está prejudicada pela seca deste ano.

Conforme o governo estadual, no Rio Solimões, o serviço vai ocorrer nos trechos entre os municípios de Tabatinga e Benjamin Constant (a 1.108 e 1.121 quilômetros de Manaus, respectivamente). No Rio Amazonas, o trabalho acontecerá na região do Tabocal (entre Manaus e Itacoatiara, a 176 quilômetros da capital).

À Rede Amazônica, o Departamento Nacional de Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as máquinas estão na região onde o serviço será feito no Rio Solimões, obra está dentro do “Novo PAC” e vai custar R$ 41 milhões.

A expectativa do Dnit é que os trabalhos no Rio Solimões devem iniciar na segunda-feira (16).

A autarquia ressaltou que já possui a Licença Ambiental Única, emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e também a autorização da pré-dragagem da Marinha.

No caso dos serviços para a foz do Madeira e região do Tabocal, técnicos da autarquia atuam no projeto para em seguida poder contratar a empresa que vai realizar a dragagem.

Os projetos estão em desenvolvimento e, portanto, não é possível fornecer informações neste momento, informou o Dnit.

Fonte: G1 AM
“As reivindicações são antigas, quanto a sinalização das hidrovias e se ouve muito falar que será feito uma dragagem dos rios para quando chegar nessa época não ter esse problema”, disse.

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