Um artigo do Boletim Geocorrente, periódico de Geopolítica e Oceanopolítica vinculado à Superintendência de Pesquisa e Pós-Graduação (SPP) da Escola de Guerra Naval (EGN), tem por título Portos Inteligentes: As transformações da indústria 4.0 na logística portuária e é assinado por Victor Magalhães Longo.

No artigo, o autor afirma que “as grandes empresas já notaram que o próximo grande salto de produtividade se dará com a implementação da chamada indústria 4.0.” E questiona-se como a nova indústria, “que envolve adoção em larga escala de tecnologias como a inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês), automação robótica, computação em nuvem, Big Data, entre outras” está otimizando a logística portuária, além dos desafios para a sua plena implementação.

Victor Magalhães usa como exemplo o porto de Roterdã, Holanda, que consegue competir com a China e sua iniciativa Belt and Road com projetos avançados de digitalização. Ante tais informações, é importante pensar no papel do Brasil dentro do contexto da indústria 4.0 e, após sua adesão à iniciativa desenvolvimentista chinesa, pensar nos benefícios que pode obter dela.

Iniciativa Belt and Road e desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil

A adesão do Brasil à iniciativa Belt and Road pode trazer oportunidades de desenvolvimento da indústria 4.0 no país, uma vez que a iniciativa prevê a integração de países e regiões através de investimentos em infraestrutura e comércio. Como parte da iniciativa, a China tem investido em projetos de infraestrutura em diversos países ao redor do mundo, incluindo portos e logística, e a adoção de tecnologias avançadas como a indústria 4.0 pode ser uma forma de aumentar a eficiência e competitividade desses projetos.

O exemplo do Porto de Roterdã, como mencionado acima, é um bom caso de como a digitalização pode trazer benefícios para a indústria de portos e logística. A implementação de sensores IoT, por exemplo,  pode permitir a coleta de dados em tempo real e a análise desses dados pode ajudar a identificar problemas e oportunidades de otimização, como no caso da manutenção preventiva.

Dessa forma, a adesão do Brasil à iniciativa Belt and Road pode abrir caminho para a introdução de tecnologias avançadas no setor portuário e logístico do país, através de investimentos em infraestrutura e troca de conhecimentos com outros países da iniciativa, como a China. No entanto, é importante que o Brasil desenvolva uma estratégia clara e bem definida para a adoção da indústria 4.0.

Benefícios da indústria 4.0

A indústria 4.0 é uma realidade e vem otimizando a logística portuária de várias maneiras. Uma das principais é através da coleta de dados em tempo real por meio de sensores e dispositivos IoT, como já mencionado, permitindo que as operações portuárias sejam monitoradas e controladas com maior precisão e eficiência. Além disso, a inteligência artificial e a automação robótica podem ser utilizadas para automatizar tarefas repetitivas e aumentar a eficiência dos processos logísticos.

Outro benefício da indústria 4.0 na logística portuária é a melhoria na segurança. Sensores e câmeras podem ser utilizados para monitorar a movimentação de cargas e equipamentos, prevenindo acidentes e aumentando a segurança dos trabalhadores e do ambiente.

Vale ressaltar que a plena implementação da indústria 4.0 na logística portuária no Brasil ainda enfrenta alguns desafios. Um deles é a falta de infraestrutura de comunicação de dados em alguns portos, o que pode dificultar a coleta e análise de dados em tempo real. Além disso, a adoção de tecnologias avançadas requer investimentos significativos em hardware, software e treinamento de pessoal, o que pode ser um desafio para as empresas e governos.

É aí que entra o investimento chinês, compensando a fragilidade brasileira em infraestrutura – em que pese o avanço da tecnologia no setor portuário brasileiro, como informa  o site Intermodal Digital. Diz o colunista do Boletim GeoCorrente, Victor Maglhães Longo, “o que a indústria 4.0 proporciona são altos investimentos e altos retornos, e não são todos os países que detêm tal capacidade de investimento e inovação”.

Por fim, outro desafio é a necessidade de adaptação das regulamentações e legislações para a nova realidade da indústria 4.0. É importante que os governos e as agências reguladoras compreendam as implicações da tecnologia e trabalhem para criar um ambiente propício para a adoção de tecnologias avançadas na logística portuária.

Formas de o Brasil superar de implementar a indústria 4.0

Existem várias formas pelas quais o Brasil pode superar as dificuldades de implementar a indústria 4.0. Algumas possibilidades incluem:

  • Investimento em infraestrutura: o Brasil precisa investir em infraestrutura de comunicação, como a expansão da banda larga e a criação de redes 5G, para permitir a coleta e análise de dados em tempo real.
  • Incentivos fiscais e financeiros: o governo brasileiro pode oferecer incentivos fiscais e financeiros para empresas que investem em tecnologias avançadas, a fim de reduzir os custos e estimular a adoção dessas tecnologias.
  • Parcerias internacionais: o Brasil pode estabelecer parcerias com outros países que estão na vanguarda da indústria 4.0, como Alemanha, Estados Unidos e China, a fim de obter conhecimento e tecnologia que possam ser adaptados às necessidades e desafios brasileiros. Tal abertura é mais importante do que se tornar refém dos chineses.
  • Capacitação de recursos humanos: é fundamental investir na capacitação de profissionais qualificados em tecnologias da indústria 4.0, para que eles possam lidar com a complexidade dessas tecnologias e aplicá-las em seus trabalhos. A falta de pessoal qualificado no Brasil tem sido um dos maiores problema para o nosso desenvolvimento. Talvez seja necessária a contratação de cérebros de outros países.
  • Revisão da legislação: o governo brasileiro precisa revisar a legislação para acomodar as novas tecnologias e formas de trabalho da indústria 4.0, criando um ambiente regulatório favorável para a adoção dessas tecnologias. O Estado não pode ser um entrave para o desenvolvimento do país, mas, antes, um indutor.

Fonte: Sociedade Militar

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