Por Marco Dassori

A ampliação do leque de matrizes econômicas do Amazonas permeou os debates da 314ª Reunião Ordinária do CAS (Conselho de Administração da Suframa), realizada por videoconferência, nesta terça (30). Foram citados o ganho de musculatura do CBA na biotecnologia e a liberação da primeira licença ambiental para o investimento da Potássio do Brasil em uma mina de potássio em Autazes. As providências para minimizar perdas em uma nova vazante recorde também estiveram no radar, mas não se falou sobre reforma Tributária.

Em paralelo, os conselheiros aprovaram uma pauta de 26 projetos industriais e de serviços, como R$ 1,73 bilhão em investimentos e projeção de 1.028 novos postos de trabalho, nos próximos três anos. A expectativa é que, caso todas as iniciativas industriais vejam a luz do dia, o Polo Industrial de Manaus ganhe um reforço de R$ 8,35 bilhões em seu faturamento. São 13 projetos industriais de implantação e 13 projetos industriais de diversificação e atualização, abrangendo diferentes subsetores do PIM, com destaque para o polo eletroeletrônico –que foi foco de nove proposituras.

O evento teve participação de parlamentares, representantes de entidades de classe e agentes públicos, entre outros. O Ministério dos Povos Indígenas também se fez representar, mediante o Decreto nº 11.435/2023, pelo conselheiro suplente e líder do povo Sateré-Mawé oriundo da região do Baixo Amazonas, Jecinaldo Sateré. Foi aprovado o reagendamento de uma nova data para a 315ª reunião do CAS, que estava prevista anteriormente para 13 de junho, e deve ser efetivamente realizada no dia 28 do mesmo mês. A justificativa é que o vice-presidente da República e titular do Mdic, Geraldo Alckmin, estará ainda voltando de uma missão diplomática na China.

“Região essencial”

A reunião foi presidida pelo secretário-executivo do Mdic, Márcio Elias Rosa. Em seu pronunciamento, ele destacou as “enormes expectativas” em torno da gestão do novo CBA e também lembrou a prioridade que tem sido dada pelo governo federal em torno da rota multimodal Manta Manaus, como forma de contribuir para o aprimoramento da infraestrutura logística da região. Também destacou que, atualmente, existem “apenas” 7 pleitos de PPBs pendentes de análise, o que exemplificaria a atenção dada aos interesses da ZFM.

Rosa disse que a taxa de desemprego no Brasil está no menor patamar desde 2015 –que foi ano de recessão –e que os diversos índices de confiança na economia estão aumentando, assim como os investimentos na indústria. “Digo tudo isso para reforçar as discussões sobre desenvolvimento econômico numa região absolutamente essencial, em que estamos aprovando novos projetos industriais. Precisava dividir a alegria de constatar que o Brasil de fato voltou e está no rumo certo”, afirmou.

Ao citar o aporte da Eneva, o representante do Mdic também elogiou o trabalho do governo estadual na busca de alternativas econômicas que complementem a ZFM. “O Amazonas tem dado bons exemplos para todo o Brasil. O país tem uma dependência externa brutal em matéria de fertilizantes que chega à casa dos 90%. Esses investimentos vêm em boa hora, até para confirmar o nosso potencial agrícola no mundo todo”, congratulou.

CBA e dragagem

Logo na abertura da reunião, o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, falou da importância e das perspectivas positivas do CBA para a Amazônia Ocidental –sinalizando também o fortalecimento da base econômica do Amazonas, no processo. “O Rodrigo Rollemberg conduziu ontem um evento importante sobre esse tema. O Centro de Bionegócios da Amazônia apresentou aos empresários o seu portfólio de serviços. O CBA, para nós, é um farol que clareia o futuro de toda a nossa região”, celebrou.

O titular da Suframa falou das providências para minimizar os danos de uma nova seca recorde neste ano. “Com relação à dragagem, as articulações e conversas para os trabalhos nos pontos que colapsam o transporte de cargas já estão sendo tomadas. Há a possibilidade de instalação de um píer provisório para atracação dos navios na enseada do rio Madeira, a 20 milhas [32,19 km] de Itacoatiara. Isso vai aliviar a carga dos navios, reduzindo o seu calado. Uma operadora portuária privada daqui está com os estudos finalizados e em processo de implantação desse transbordo de contêineres dos navios para as balsas, antes dos dois pontos de estrangulamento [da hidrovia]”, contou.

Bosco Saraiva adiantou alguns números dos Indicadores da Suframa, dizendo que o PIM ganhou 500 novos empregos, entre janeiro e fevereiro. E salientou que um dos projetos mais destacados da pauta do CAS, de diversificação e atualização da BYD Indústria de Baterias, “é de grande relevância para a ZFM”. A empresa está injetando R$ 169,01 milhões em baterias para ônibus elétricos utilizando células eletroquímicas. “Este projeto está alinhado com a tendência global de redução das emissões de carbono, fortalece o compromisso com a sustentabilidade ambiental, adaptando a indústria automotiva à crescente demanda por soluções mais verdes”, celebrou.

“Capacidade de adaptabilidade”

O presidente da Fieam, Antonio Silva, elogiou a pontualidade do calendário das reuniões do CAS e a sinalização de abertura de novas matrizes econômicas no Estado, lembrando da recente conquista da Eneva. “Estamos vivenciando um momento único. Tivemos a liberação [da autorização de exploração] de nossa mina de potássio. Vamos entrar com um polo de fertilizantes, abrindo um novo leque para a economia do Estado, com a geração de novos empregos e renda. Tudo isso, graças à junção de esforços dos governos estadual e federal. É importante podermos começar a trabalhar em outras alternativas, para não ficarmos única exclusivamente com a ZFM, que é um modelo exitoso”, destacou.

Reforçando a importância das novas matrizes econômicas, o vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, usou seu tempo de microfone para destacar os esforços do Executivo e citou também o case da Eneva. A empresa deve gerar 2.600 empregos diretos somente na fase de preparo e construção do complexo, e chegar aos 4.200 postos de trabalho, no pico da obra. A Potássio do Brasil já iniciou o processo de contratação do pessoal de campo para os próximos quatro anos, com o recebimento de currículos.

Como o foco do encontro era a indústria, o vice-governador não deixou de comemorar os ganhos apresentados pela pauta do CAS. “A reunião aprovou projetos que, mais que nunca, demonstram que o Polo Industrial de Manaus, após cinco décadas de implantação, ainda mantém a sua capacidade de adaptabilidade, de receber novos projetos, e contribuir com a agenda nacional de descarbonização e de transição energética”, enfatizou.

No entendimento do titular da Sedecti, Serafim Corrêa, os projetos aprovados representam a consolidação de uma política industrial focada na geração de mais empregos para a população, em sintonia com a estratégia nacional de promover a economia verde. “A pauta do Codam de quinta-feira passada é praticamente a mesma pauta de hoje. Com isso, os governos estadual e federal caminham juntos, no sentido de acolher novas empresas. São mais de R$ 1,7 bilhão de investimentos. Isso é algo muito positivo”, finalizou.

Fonte: JCAM

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui