O mercado de trabalho formal do Amazonas voltou a trocar de sinal em janeiro, ao criar 436 vagas. Desta vez, as admissões (+19.385) bateram os desligamentos (-18.949) e geraram um pequeno acréscimo de 0,09% sobre o estoque anterior. Foi um saldo tímido diante da eliminação de 5.409 postos de trabalho com carteira assinada, em dezembro. Também ficou abaixo de janeiro de 2022 (+0,14% e 625). O Estado acompanhou a média nacional, sendo que apenas serviços e indústria evitaram um resultado negativo. Em paralelo, a geração de empregos em Manaus (-1,09% e -4.834) ficou abaixo da média estadual.

O ritmo de criação de vagas no Amazonas (+0,09%) ficou aquém da média do Brasil (+0,20%), embora tenha superado o número da região Norte (+0,02%). O desempenho, entretanto, foi melhor no acumulado dos 12 meses encerrados em janeiro de 2023. Os 31.502 postos de trabalho gerados pontuaram expansão de 7,11%, batendo o dado nacional (+4,78%) e dos Estados nortistas (+5,60%). Com isso, o estoque, que é a quantidade total de vínculos ativos, chegou a 474.511 ocupações, no Estado. É o que revelam as estatísticas do ‘Novo Caged’, divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, nesta quinta (9).

Em paralelo, o Brasil gerou 83.297 empregos, ao registrar mais admissões (1.874.226) do que desligamentos (1.790.929), com alta mensal de 0,20%. O número também foi melhor do que o de dezembro (-431.011), embora também tenha ficado devendo em relação a janeiro de 2022 (+155.178). Em 12 meses, foram criados 1.949.952 (+4,81%) postos de trabalho, situando o estoque em 42.527.722 vínculos empregatícios. Somente três das cinco regiões brasileiras (Sul, Centro-Oeste e Sudeste) conseguiram saldo positivo, assim como quatro dos cinco setores econômicos –a exceção veio do comércio.

Vale lembrar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que a quantidade de amazonenses na fila do desemprego voltou a aumentar no quarto trimestre de 2022 e chegou a 196 mil –10% da força de trabalho do Estado. A mesma base de dados informa que só 56,2% da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 57% dessas vagas não contavam com carteira assinada. O desempenho do primeiro trimestre de 2023 só será divulgado em maio.

Serviços e indústria

Apenas dois dos cinco setores econômicos fecharam janeiro com mais admissões do que desligamentos –metade da média  nacional. Os serviços voltaram a liderança do ranking, com alta de 0,82% e criação de 1.761 empregos celetistas, em progresso significativo em relação ao estoque anterior (-3.124). Os destaques vieram do grupo que reúne informação, comunicação, e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+972), com destaque para as atividades administrativas e serviços complementares (+956). Não foram revelados dados de acumulado de 12 meses desagregados por atividade.

A indústria “em geral” trocou de sinal, mas foi pouco além do zero a zero. O setor criou apenas 12 vagas formais e subiu 0,01% ante o estoque anterior. As contratações foram puxadas pela indústria de transformação (+110), especialmente nas linhas de produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+367). Foi acompanhada de longe pela indústria extrativa (+2), em detrimento das divisões de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (-92), e de eletricidade e gás (-8).

Em um mês sem datas comemorativas relevantes, e que é tradicionalmente de ressaca de vendas para os lojistas, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” colecionou um dos piores desempenhos da lista. O setor extinguiu 916 postos de trabalho com carteira assinada em janeiro, o que representou um declínio de 0,84% nos estoques da atividade – e uma rodada de demissões mais severa do que a de dezembro (-174). As demissões foram a regra em todas as atividades, sendo que os cortes mais severos vieram do varejo (-800), seguido pelo atacado (-114) e pelo segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (-2).

A construção emendou seu terceiro mês consecutivo de cortes e mais uma vez amargou a maior queda proporcional (-1,65%) da lista, ao extinguir postos de 385 trabalho, em performance melhor do que a de dezembro (-761). A destruição de empregos formais se disseminou nas obras de infraestrutura (-270), serviços especializados para o setor (-300), mas não na construção de edifícios (+185). A mesma oscilação negativa foi sentida na agropecuária (-0,75% e -36), com os desligamentos se distribuindo na produção florestal (-37) e nos subsetores de pesca e aquicultura (-3).

“Crescimento discreto”

O presidente da Fieam, Antonio Silva, salientou que os dados do ‘Novo Caged’ estão dentro das expectativas, ao lembrar que janeiro é historicamente um mês de “números mais tímidos”. “Considero que, nesse momento de volatilidade econômica, tão importante quanto criar novos empregos, é mantermos os postos de trabalho ora empregados. De toda a sorte, o subsetor de bens de informática e eletrônicos continua a apresentar bons números, independentemente do período. Acredito que teremos um ano de crescimento discreto em meio às questões políticas e econômicas indefinidas”, afiançou.

O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, salienta que os números devem ser ponderados diante da constatação que o setor atravessou um 2022 “cravejado de problemas” e marcado pela escalada da cotação do petróleo, gerando um ciclo vicioso de inflação e juros, com impactos no endividamento do consumidor e nas vendas. “Não obstante, tivemos números positivos em janeiro, que é um mês de férias, chuvas e preparação para o Carnaval. Este é um ano de transição de governo, mas nossa expectativa é de recuperação de vendas e de empregos. E continuaremos a ser os maiores contratadores do Amazonas”, frisou.

Já o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, reiterou que o desempenho do setor ocorre em grande medida pela “baixa confiança do empresário” diante da indefinição da política macroeconômica do novo governo federal. “E isso se reflete também sobre o desempenho do Executivo estadual, impactando ainda mais nas obras públicas. Outra dificuldade é o próprio período de chuvas intensas, que reduzem o volume de obras. Mas, as perspectivas para 2023 ainda são positivas. Apesar da taxa Selic estar alta, tem muita obra contratada e, se esses empreendimentos ainda não estão em execução, passarão a estar. Vamos ter muitas contratações”, encerrou.

Fonte: JCAM

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